quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Eu SEM a Patroa e as Crianças





Um dos meus filhos gosta de uma sitcom chamada “Eu, a Patroa e as Crianças” (no original, “My Wife and Kids”).  Trata-se de uma série de televisão estadunidense que foi originalmente transmitida pela ABC (à época, Touchstone) e estreou no dia 28 de março de 2001, tendo o seu último episódio exibido em 17 de maio de 2005, num total de 123 episódios em 5 temporadas.
Acabei assistindo a alguns episódios com o Hector e cheguei a umas conclusões. Primeiro, o personagem principal, Michael Kyle (interpretado pelo Damon Wayans), é engraçado, mas na vida real ele seria um porre absoluto, e mulher nenhuma quereria estar no lugar da esposa dele, Janet Kyle (papel da Tisha Campbell-Martin). A não ser que fosse muito masoquista ou gostasse de passar raiva (há outras possibilidades, que não vêm ao caso aqui).
Segundo a sinopse, “Michael é um marido carinhoso e um pai moderno que ensina regras de convivência com um estilo diferente e único aos três filhos, Junior (George O.), Claire (Jennifer Freeman) e Kady (Parker McKenna Posey), sempre com um toque humorístico.
Tudo bem. Mas, em minha opinião, há mais do que isso. O sujeito simplesmente não suporta perder nem pro Michael Jordan, como visto em um episódio, e é capaz de fazer coisas moralmente condenáveis para provar que está certo. Detalhe número um: ele invariavelmente perde. Detalhe número dois: ele quase nunca está certo.
Mas o lance que mais me chamou a atenção é sobre o relacionamento dele com a esposa. Em quase todo episódio, ele a envergonha de alguma maneira, a cara dela “racha” perante as outras pessoas (e, sim, ela se importa muito com isso). A dele também deveria rachar, mas o desconfiômetro é um item que no caso dele não é de série.
Tenho aprendido que um relacionamento é algo que se constrói paulatinamente, um dia de cada vez, e que está sujeito a desconstruções, nem sempre bem-vindas ou benquistas. Sobe-se o Everest da relação e de quando em vez escorrega-se. Metros. Não raro um quilômetro ou mais. E então, se for possível, é recomeçar a subir.
Também aprendi que há de se ter paciência e disposição de continuar, apesar de eventuais diferenças. E haverá problemas, mas, se vale a pena tentar mais uma vez, isso deve ser feito. Só que a principal coisa que aprendi é que mudanças têm que acontecer para que as coisas fluam. Ninguém merece alguém que sabe que o outro não curte determinada atitude ou comportamento e, podendo mudar, não muda.
E ocorre que o Sr. Kyle simplesmente é o retrato disso. Achando-se o mais inteligente, o mais esperto, não é nenhum dos dois. E do primeiro ao último episódio não muda um milímetro em seu jeito de ser, e Janet está sempre pronta a perdoar e tudo acaba bem mais uma vez – afinal, trata-se de uma comédia e não de um drama.
Rever conceitos é uma das chaves para se ter um relacionamento. Mudar atitudes e comportamentos, reconhecer quando não se está certo e adotar uma nova postura. Se o outro não merece essa tentativa, melhor seria não estar com a pessoa. Se estão juntos, que seja harmoniosa a vida a dois na medida do possível. Já chega o monte de problemas que não se pode evitar. Por que inventar problema novo?
Na vida real, eu não apostaria um centavo no personagem. Logo a esposa daria um pé nele, a paciência dos seres humanos reais tem limites. Como diria um amigo meu, “esse personagem é inverossímil pra caramba!”.    

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