Uma das ironias das modernas
tecnologias da informação é que elas foram criadas para aproximar as pessoas,
encurtar distâncias e economizar tempo. Pode ser que estejam sendo bem
sucedidas no segundo objetivo, mas quanto aos outros dois...
O que vemos quando a informática está
envolvida é um monte de pessoas se isolando, seres humanos cada vez mais distantes
uns dos outros, mesmo se próximos espacialmente. Quanto ao tempo, nunca se
desperdiçou tanto tempo em ações sem objetivo ao se navegar na Grande Rede, e
muitas vezes as tarefas de verdade vão se acumulando no mundo real enquanto o usuário
perde a noção das horas na dimensão virtual.
Entrar no Google para fazer uma
pesquisa, quando se sabe o que procurar, é a coisa mais prática do mundo. Mas quase
todo mundo vai abrindo guia após guia, janela após janela, e as redes sociais e
os sites nada-a-ver-com-o-assunto-pesquisado vão se acumulando. O Tempo, esse
elemento misterioso da existência, começa a se mover com velocidade absurda
assim que percebe que estamos na internet. Aí estamos atrasados, e não
pesquisamos pissirica nenhuma no fim das contas.
A média de tempo transcorrida
entre a decisão de sair do Facebook e a efetiva saída costuma ser de quinze
minutos. Essa a menor média obtida! E a questão não é só relativa a usuários da
net. Quando seres humanos pós-modernos são obrigados a dividir um mesmo
espaço...
Seja numa sala de espera ou num ônibus
do transporte coletivo público, muitas pessoas podem perfeitamente estar juntas
e não tomar o menor conhecimento umas das outras. Olhos fixos na tela do
celular, tablet ou notebook tornam inexistente na prática o mundo e os seres ao
redor. E mesmo que os olhos perscrutem o panorama circundante, as pessoas veem
tudo e não enxergam nada, se os ouvidos estão recebendo os sons saídos dos
fones de ouvido.
Imerso em seu mundo particular de
músicas, palestras ou audiobooks, o indivíduo se desconecta de seus (des)semelhantes.
Há até quem coloque os fones nos ouvidos sem que se ouça absolutamente nada do
celular, apenas para diminuir as chances de alguém interagir, puxar assunto
(embora haja pessoas que puxam mesmo se você está plugado no aparelho). “Ah,
ele tá ouvindo música, não adianta começar uma conversa...”

Essa cultura individualista faz
com que o contato interpessoal seja cada vez mais raro, bastam as mensagens
trocadas pelos whatsapps, messengers, hangouts, telegrams, skypes, vibers, vivo
tu gos, weChats, zapZaps, kik messengers, lines e kaKaos da vida (a lista é bem
maior, mas este escritor não quer comprometer tanto o texto). A maioria dos usuários
não se vê como arredio e muito menos como antissocial, já que esses aplicativos
são – é óbvio! – meios de socialização. E como são práticos! Se você deu parabéns
na rede social, caso cruze com a pessoa na rua ou no shopping não precisa falar
nada! E fazer caridade virtual é tão mais fácil que do modo “antigo”!
Compartilhe postagens para ajudar os necessitados e vá dormir de consciência tranquila
como o bom cidadão que você é! Comente “Amém!” nas postagens alheias e mostre
que você é religioso(a) e que merece um lotezinho no Céu!
E até os relacionamentos sofrem com essa imersão no mundo virtual. Casais de namorados nem dão atenção um ao outro mais do que aos seus aparelhos que os "conectam ao mundo", desconectando-os do convívio com o Outro. E se apenas um tem essa mania, como sofre o outro na relação!
Pois é, né? Pra que nos
colocarmos na chatice do mundo real, onde controlamos absolutamente nada e
ainda somos avacalhados, se cada um pode ser o Senhor de seu próprio Universo
particular?
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