quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Pianista Sábio



Algumas pessoas que passam por este planeta carregam singularidades que merecem destaque, embora, na maioria das vezes, uma de suas características é justamente não puxar os holofotes sobre sua pessoa, mas sim sobre a obra que fazem. E uma das coisas que fazem é o bem, sem olhar a quem, o que já as destaca da multidão, neste mundo de egoísmos funestos. Ao longo do tempo e sem consecutividade diária, falarei de algumas pessoas que acho dignas de figurar na lista de "seres humanos humanos", no bom sentido do terceiro termo.

Pietro de Alleori Ubaldi (1886-1972) nasceu na Itália e faleceu no Brasil. Entre esses dois extremos, dedicou-se a produzir uma obra que cada vez mais encontra leitores. Filósofo e pensador, o filho de Sante e de Lavínia Ubaldi formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão, e também em Música.

Falava fluentemente o inglês, francês, alemão, espanhol e português, além de conhecer o latim e o grego. Depois de formado pela Universidade de Roma, lecionou na Sicília e em Gúbio, localidades italianas. Casado e pai de três filhos, sempre viveu modestamente, por opção de um desapego material que a maioria das pessoas não entende. Quando lhe morreu o pai, fez voto de pobreza, transferindo à família os bens a que tinha direito (ISSO realmente é complicado de entender).

Com relação à sua obra, ela trata de filosofia e de religião, num viés espiritualista e universalista. Mas rótulos não são suficientes para esclarecer o que sejam seus escritos, que pretendem provar a existência de uma Lei Natural de Salvação, segundo princípios de Sócrates e de Platão e baseado nos ensinamentos de Jesus Cristo (sobre quem também escreveu Ubaldi). Propôs o escritor uma compreensão unificada entre as formas do conhecimento humano. Em outras palavras, o objetivo era/é descomplicar.

Só por isso ele já mereceria figurar na tal lista. Mas eu descobri recentemente essa faceta dele, a de músico. Eu admiro músicos, principalmente por não ser um. Nos anos que me restam, se as circunstâncias permitissem e as "águas do mar da vida" parassem de entrar constantemente em meu barco, eu gostaria de, mesmo no ocaso de minha existência, aprender violão. 

Ubaldi era pianista. E isso é uma coisa muito boa. Música é uma das melhores terapias. Esse homem calmo e sereno devia ter uma relação maravilhosa com o ébano e o marfim do teclado.

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