Pode
parecer para alguns estranha a frase, mas não há dúvidas de que ela encerra
verdades irretocáveis.
Quando amamos, nosso senso de justiça sofre distorções.
Numa ampliação para o antigo dito grego “para os amigos, tudo; para os
inimigos, a lei”, estamos prontos para aplicar o Talião aos “de fora”, mas
jamais faríamos tal coisa aos nossos “amados”.
Conheço
o caso de um ex-advogado, pai de um amigo meu, que pregava a pena de morte no
melhor estilo “matou, tem que morrer!”, até que o filho, num desentendimento
banal, matou alguém à porta de uma boate. Para não ser incoerente com a opinião
que agora mudara radicalmente por causa da exceção filial, preferiu abandonar o
direito, e passou a lutar com unhas e dentes contratando amigos advogados para
livrar o filho assassino.
O
Filho pode fazer o que for, o Pai continua amando; até aí, tudo bem, é lógico,
é justo. Mas quase sempre entram em cena dois pesos e duas medidas quando se
trata de aplicar a justiça aos que amamos e aos que não. Isso, quando atinge o
extremo, pode se tornar um problema, quando pais que acreditam que amar é tudo
permitir acabam criando filhos que creem que podem tudo neste mundo.
Obviamente, o mundo vai mostrar a elas – geralmente da pior maneira possível –
que isso está totalmente oposto aos fatos.
O
amor envolve uma gama de tipos. Estudos chegaram a 11 tipos. Os dois que mais
cometem injustiças na aplicação (ou melhor, na não aplicação) das penas são o
amor paterno/materno e o amor carnal, isto é, no relacionamento afetivo.
Ignora-se a realidade, fecha-se a vista ao que é evidente, defende-se o
contrário do ocorrido. E não se castiga, não se pune, não se repreende.
O
outro lado da questão, principalmente no amor entre homem e mulher (ou entre
homem e homem ou entre mulher e mulher), é a aceitação dos atos do outro,
muitas vezes com prejuízo ou humilhação envolvidos. Tolera-se, servilmente, e
não raro a outra pessoa, ao perceber, aproveita-se da situação. E lá se foi a
autoestima, a dignidade...
Não
se trata aqui de dizer “Aplique a justiça, seja com quem for!”, como se este
autor o fizesse sem hesitar now and forever. Tenho três filhos e sei da
dificuldade. Mas escrevo para mim mesmo e para os que me leem para discorrer
acerca dessa característica humana, de ser draconiano para com todos, menos com
os objetos de seu amor. Saber que existe algo pode ser o primeiro passo para se
reverter situações.
O "certo" e o "errado" muda de acordo com as nossas prioridades, infelizmente.
ResponderExcluirO "certo" e o "errado" muda de acordo com as nossas prioridades, infelizmente.
ResponderExcluirVerdade, minha amiga. Somos imperfeitos a esse ponto. (Obrigado pela participação. Volte sempre!)
ResponderExcluir