quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Amar é ser Injusto


Pode parecer para alguns estranha a frase, mas não há dúvidas de que ela encerra verdades irretocáveis. 

Quando amamos, nosso senso de justiça sofre distorções. Numa ampliação para o antigo dito grego “para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”, estamos prontos para aplicar o Talião aos “de fora”, mas jamais faríamos tal coisa aos nossos “amados”.

Conheço o caso de um ex-advogado, pai de um amigo meu, que pregava a pena de morte no melhor estilo “matou, tem que morrer!”, até que o filho, num desentendimento banal, matou alguém à porta de uma boate. Para não ser incoerente com a opinião que agora mudara radicalmente por causa da exceção filial, preferiu abandonar o direito, e passou a lutar com unhas e dentes contratando amigos advogados para livrar o filho assassino.

O Filho pode fazer o que for, o Pai continua amando; até aí, tudo bem, é lógico, é justo. Mas quase sempre entram em cena dois pesos e duas medidas quando se trata de aplicar a justiça aos que amamos e aos que não. Isso, quando atinge o extremo, pode se tornar um problema, quando pais que acreditam que amar é tudo permitir acabam criando filhos que creem que podem tudo neste mundo. Obviamente, o mundo vai mostrar a elas – geralmente da pior maneira possível – que isso está totalmente oposto aos fatos.

O amor envolve uma gama de tipos. Estudos chegaram a 11 tipos. Os dois que mais cometem injustiças na aplicação (ou melhor, na não aplicação) das penas são o amor paterno/materno e o amor carnal, isto é, no relacionamento afetivo. Ignora-se a realidade, fecha-se a vista ao que é evidente, defende-se o contrário do ocorrido. E não se castiga, não se pune, não se repreende.

O outro lado da questão, principalmente no amor entre homem e mulher (ou entre homem e homem ou entre mulher e mulher), é a aceitação dos atos do outro, muitas vezes com prejuízo ou humilhação envolvidos. Tolera-se, servilmente, e não raro a outra pessoa, ao perceber, aproveita-se da situação. E lá se foi a autoestima, a dignidade...

Não se trata aqui de dizer “Aplique a justiça, seja com quem for!”, como se este autor o fizesse sem hesitar now and forever. Tenho três filhos e sei da dificuldade. Mas escrevo para mim mesmo e para os que me leem para discorrer acerca dessa característica humana, de ser draconiano para com todos, menos com os objetos de seu amor. Saber que existe algo pode ser o primeiro passo para se reverter situações.

3 comentários:

  1. O "certo" e o "errado" muda de acordo com as nossas prioridades, infelizmente.

    ResponderExcluir
  2. O "certo" e o "errado" muda de acordo com as nossas prioridades, infelizmente.

    ResponderExcluir
  3. Verdade, minha amiga. Somos imperfeitos a esse ponto. (Obrigado pela participação. Volte sempre!)

    ResponderExcluir