sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Aparências



 
Outro dia alguém me perguntou se eu era membro da Igreja Universal do Reino de Deus. Respondendo negativamente, eu quis saber o motivo da pergunta. E era o seguinte: essa criatura me vira no dia anterior com um exemplar da Folha Universal – periódico dessa igreja – debaixo do braço. Não consegui evitar de rir na cara desse ser bitolado.
Mais tarde, pensando sobre isso – gente que tira conclusões com base em coisas que, por si sós, não permitem nenhuma – e imaginei algumas situações “normais” para esse tipo de ser, entre elas:

- se eu sou visto com “O Capital”, sou marxista e defendo a luta de classes;

- se me veem com uma obra de Aleister Crowley, sou satanista;

- flagrado com um exemplar de “Main Kampf”, sou simpatizante do nazismo.

Gente rasa e sem capacidade de processar informação, ou que processa errado e chega às mais estapafúrdias conclusões, isso existe em grande quantidade no planeta. Não são de modo algum componentes de uma espécie em extinção. Infelizmente. 

Há alguns dias, no auge da PTfobia causada pela roubalheira que assolou o país no governo anterior (tecnicamente, ainda é o mesmo governo, pois quem manda agora era vice da que mandava antes), um sujeito apanhou na rua porque usava uma camiseta vermelha. O detalhe tragicômico é que ele foi “identificado” como petista por alguém que o viu pelas costas: a camiseta tinha, na verdade, uma estampa frontal do logo do Chapolim Colorado.

Se isso não é noia, não sei o que é.

Em tempo: a quem interessar possa, não sou da Universal, nem marxista, satanista nem simpatizante do nazismo.

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