Lucius Annaeus Sêneca, um dos mais destacados intelectuais do Império Romano, tinha opiniões bem fundamentadas sobre os mais diversos assuntos existentes à sua época concernentes à vida e à morte. Tinha também pensamentos específicos - que conhecemos pelas frases que deixou - sobre as próprias vida e morte.
Uma dessas frases é sobre um dos temas que mais me fascinam. Tanto pela verdade que encerra quanto pelo modo como foi enunciado.
"Nisto
erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto
grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à
morte."
A única coisa que nos pertence é o exato, milimétrico, infinitesimal momento presente. O futuro não é de nossa posse. Talvez ele nem venha a ser uma realidade. Pode ser que eu ou você, leitor/leitora, não tenha o futuro. Quanto ao passado, incluindo o instante imediatamente anterior a este, pertence à Indesejada das Gentes, conforme Bandeira; para alguns, a Inimiga; para outros, o Descanso; numa palavra, a Morte!
Não temos controle sobre o passado. O que está feito está feito, e pedidos de desculpas ou arrependimentos - sinceros ou não - não mudarão nada. O próprio Deus não pode mudar o passado de ninguém, o que alça o tempo à categoria de uma divindade paralela, um poder divino que corre pelas beiradas no panteão das divindades.
E como não controlamos nem podemos mudar nem o 'vir a ser' nem o 'foi', só nos resta fazer o melhor possível com o "é".
Eu venho tentando. Espero que você também.
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