segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Meu mais novo amigo



 
©Caters News Agency, by Chien Wei Lin

Recentemente – bem recentemente mesmo! – fiz uma nova amizade, o que me deixou muito feliz. O mais engraçado é que se trata de alguém que eu jamais pensei que pudesse um dia ser meu amigo. Eu, na verdade, tinha uma enorme antipatia pela criatura. Eu via essa pessoa como alguém praticamente sem qualidades e com muitos defeitos. Mesmo as suas qualidades, as poucas e ralas que eu via, se tornavam defeitos pela ingerência com que ele as administrava.

Pra começar, naquele primeiro e superficial contato – o visual – eu já torcia o nariz para aquele ser. Feio. Simples assim. Não era o tipo de rosto para o qual eu olharia mais que um instante. Contemplação, nem pensar! E depois fui sabendo mais dele, e tudo só contribuía para aumentar meu desprezo. Inteligente? E daí? Pelo histórico do cara, a inteligência não lhe servira de absolutamente nada em termos práticos.

Contava umas piadas sem graça, o que me irritava, sou bem humorado e curto anedotas bem contadas, mas nunca gostei desse humor fora de hora e sem noção. O cara andava meio acorcundado, encolhido, parecia querer se esconder, embora não fosse tímido parecia ter algo a ocultar, parecia sempre meio constrangido. Depois eu descobriria que ele tinha certa vergonha de si mesmo! Pronto! Autoestima baixa era o bicho, esse sujeito não serve para andar comigo, pensei.

Nossos contatos eram fugazes, cumprimentos de bomdia/boatarde/boanoite e só. Às vezes um ‘tá calor, né?’ ou outra frase sem sentido nem valor, apenas para não ficar aquele silêncio sem graça. Se acontecia de termos que compartilhar um espaço – elevador, por exemplo – o tempo custava a passar pra mim e dez andares pareciam quinhentos. Então, eu o evitava, e evitava ficar a sós com ele, de qualquer maneira.

Mas agora – quem diria! – somos amigos. 

Isso não aconteceu de um modo fácil. Foi preciso que pessoas de quem eu gosto me falassem bem do cara. E mostrassem que eles também gostavam dele. Pôxa, se essas pessoas (que eu acho legais, bacanas, cheias de qualidades) consideravam o indivíduo alguém digno de ser amigo deles, então ele não devia ser de todo mau. 

E alguém até mesmo se interessou por ele em termos afetivos. Mal acreditei quando ele começou a namorar. Mas o namoro segue, já tem alguns meses, e a namorada me contou que, sim, ele tinha (e ainda tem) umas coisas a ajeitar, alguns pontos a evoluir, mas, de uma hora para outra, não somente por ela, mas também por ela e por ele mesmo, a pessoa resolve melhorar. Em vários aspectos. E não é que ele está conseguindo?

No início fiquei com um pé atrás, mas dei uma chance ao Mané apenas para perceber que ele não é tão Mané como eu pensava. Tenho, aos poucos (é um processo, não um milagre), adquirido respeito por ele. E o sujeito tem se permitido ser mais tranquilo, dando adeus a antigas noias e sendo mais ligado nas coisas que realmente valem a pena, que no fim das contas não são coisas, mas pessoas. 

De pessimista tem se tornado um otimista com os pés no chão. De sombrio e sinistro, tem deixado a luz entrar em seu coração e em sua casa, literalmente falando, casa que antes ficava sempre de janelas fechadas. Tem se cuidado mais. Tem tentado ser mais agradável. Está revendo conceitos e pré-conceitos. Até mesmo a postura está mudando, pois Walter Franco já dizia que “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”. E o cara está caminhando em direção à sua própria Paz. O que tem gerado Paz nas pessoas ao redor dele.

Se você ainda não percebeu quem é esse meu novo amigo, revelo sua identidade agora. Sou eu mesmo. Eu, que não gostava de mim, agora gosto; eu, que não me via com qualidades, agora as enxergo. Respeito-me. Daqui a pouco provavelmente até me curtirei. E esse caminho não vem sendo trilhado sozinho. 

Meus incentivadores são os filhos que amo, a mulher que eu escolhi pra amar (esperando que seja até o fim da vida de um de nós dois), os amigos verdadeiros (que amigo falso não é amigo e ninguém merece!) e a mãe, além de um pequeno animal peludo e destruidor de chinelos e de tudo que possa morder.

Que a amizade recém-iniciada seja para sempre. 
Bem-vindo à minha vida, meu amigo!

2 comentários:

  1. Celso, amei!!!
    Parabéns por conhecer a tempo Essa pessoa maravilhosa q vc é
    Parabéns para a Lorena q Jah gosto mto dela, sem ao menos conhece-la.
    Essa eh a tua história e Deus eh q decide o tempo certo para todas as coisas. Guarda em seu coração a certeza de que Ele está cuidando de tudo e não há nada que Ele não possa fazer, nem coração que Ele não possa tocar. Que nosso Deus derrame muitas bênçãos sobre vc e que vc seja simplesmente feliz...bem feliz!!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado por suas palavras, minha amiga! Que Deus nos abençoe a todos!

    ResponderExcluir